Ciência e Vida

Câncer Gastrointestinal é foco do I Simpósio Internacional de Medicina de Precisão

De 11 a 13 de abril, as tendências no tratamento do Câncer Gastrointestinal serão abordadas no I Simpósio Internacional Einstein de Medicina de Precisão

O tratamento de tumores gastrointestinais vem experimentando grande progresso em todo o mundo, com diferentes intervenções e recursos terapêuticos. Para discutir o tema, o I Simpósio Internacional Einstein de Medicina de Precisão em Câncer Gastrointestinal contará com formatos presencial e online, entre os dias 11 e 13 de abril de 2024.

A Oncologia Gastrointestinal dedica-se ao estudo dos tumores de esôfago, estômago, fígado, pâncreas, vias biliares, cólon, reto e canal do reto, além dos tumores neuroendócrinos que acometem o aparelho digestivo.

“Será o primeiro encontro com essa temática da América Latina, que direciona a incorporação da Medicina de Precisão em novas tecnologias em protocolos relacionados a carcinomas dessa especialidade”, diz o Oncologista Clínico do Centro de Medicina de Precisão do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Pedro Uson.

De acordo com ele, o objetivo é mostrar como a inserção de modernas técnicas, o uso da tecnologia e a medicina personalizada podem trazer avanços no tratamento e na condução de tumores de aparelho digestivo.

O que é Medicina de Precisão?

A Medicina de Precisão envolve a customização do tratamento, com base nas características de cada paciente. Não está apenas relacionada ao tratamento da doença, mas a estratégias de screening (rastreamento) e de segmentação de maneira mais adaptativa, a partir das novas tecnologias.

Quais são as novas terapias contra o câncer?

A novas terapias envolvem a imunoterapia e as terapias celulares. Com determinados medicamentos injetáveis (anticorpos monoclonais), ou com uma transfusão no paciente de células imunológicas ativadas, é possível potencializar o sistema imunológico do paciente, para atacar o tumor presente em seu organismo.

A discussão desse tema tem sido ampliada a partir dos linfócitos intratumorais e das CAR-T Cells, com destaque para estudos voltados aos tumores sólidos.

Os avanços da biópsia líquida

A biópsia líquida é um dos avanços da atualidade. Trata-se de um exame que consiste na coleta de uma amostra (geralmente de sangue) para detecção de um biomarcador molecular com informação específica sobre um tipo de câncer.

Esse teste substitui, por exemplo, a colonoscopia utilizada para prever ou diagnosticar o câncer de intestino, que é considerada mais invasiva, por necessitar de sedação e internação do paciente. “A biópsia líquida permite, por meio de uma determinada metodologia, verificar fragmentos do DNA do tumor em uma pequena quantidade de sangue do paciente, muitas vezes antes de ser detectado em imagem”, explica o Dr. Pedro.

Esse exame também é aplicado para investigar carcinomas em mama, pulmão, fígado e até tumores que não dispõem de estratégias de screening, como de pâncreas e de crânio.

Como o Big Data colabora com a Oncologia?

O Big Data traz relevante colaboração ao proporcionar a reunião e cruzamento de grande quantidade de informações. “Ter dados de vida real de cerca de 100 mil pacientes, que foram tratados em múltiplos centros durante várias décadas, é um grande avanço”, diz o especialista.

Essa tecnologia é fundamental para a realização de métodos de avaliação de tumores, protocolos, condutas e novas alternativas de tratamentos.

Terapia Viral Oncolítica, uma grande promessa contra o câncer

Essa terapia utiliza vírus oncolíticos (modificados em laboratório) para serem replicados dentro das células cancerosas, a fim de desencadearem uma resposta imunológica, com base nas características dos tumores.

Ainda pouco desenvolvida no Brasil, mas muito promissora, essa técnica será tratada no I Simpósio Internacional Einstein de Medicina de Precisão em Câncer Gastrointestinal, com a palestra do Professor da Faculdade de Medicina e Ciência de Mayo Clinic, Dr. Mitesh Borad.

Ele é um dos mais experientes médicos-cientistas no desenvolvimento de medicamentos, terapia genética, de vírus oncolíticos e medicina de precisão. “Temas como esse são extremamente modernos e imprescindíveis para todos os profissionais que desejam aprofundar seus conhecimentos em Oncologia”, ressalta o Dr. Pedro.

Como está o avanço da terapia-alvo?

Para falar durante o evento sobre a terapia-alvo, tratamento que usa drogas ou outras substâncias para atacar especificamente as células cancerígenas, foi convidado o professor na Faculdade de Medicina e Ciência da Mayo Clinic, Dr. Tanios Bekaii-Saab.

Entre outras funções, ele atua como Presidente de Hematologia e Oncologia Médica da Divisão de Hematologia/Oncologia da Mayo Clinic, Arizona, nos Estados Unidos. “Certamente, ele fará exposições sobre os inibidores da proteína de KRAS, causadora de câncer, principalmente no pâncreas, colorretal e pulmão”, esclarece o Dr. Pedro.

A importância dos biobancos

Conforme explica o Médico Oncologista do Programa de Medicina de Precisão do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Fernando Moura, os biobancos contribuem significativamente tanto para a pesquisa quanto para as atividades de assistência clínica, uma vez que detêm o armazenamento da maior quantidade possível de amostras biológicas – como sangue, cordão umbilical e tecidos tumorais, entre outras.

A finalidade é a de que essa coleção e suas informações organizadas e armazenadas dentro do regulamento e das normas técnicas, éticas e operacionais pré-definidas possam beneficiar diversos pacientes.

“Um biobanco automatizado é o ideal para – com rapidez, qualidade e eficiência – separar amostras de interesse para performar pesquisas que geram artigos de interesse da comunidade científica. São temas que precisam ser discutidos e compartilhados com o maior número de profissionais da saúde”, afirma o Dr. Fernando.

Nova era em tratamentos oncológicos

Segundo o Dr. Fernando, há alguns poucos anos, um tipo de tratamento relacionado ao câncer incluía todos os pacientes que sofriam da doença. “Agora estamos em uma era em que conseguimos entender vários elementos genômicos, o que proporciona atendimento personalizando, oferecendo o melhor para a pessoa diante de sua enfermidade”.

O problema pode ser comum entre outros indivíduos, mas às vezes essas alterações moleculares são únicas. “Com isso, é possível obter melhores desfechos e melhores experiências para o paciente”, ressalta o Dr. Fernando.

O I Simpósio Internacional Einstein de Medicina de Precisão em Câncer Gastrointestinal vai debater todos os tumores que compõem o trato gastrointestinal. “Uma oportunidade ímpar não somente para aprofundar conhecimento, como também ficar por dentro de como funciona a construção e manutenção de um centro de Medicina de Precisão”, finaliza o Dr. Fernando.

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