Complexidade da gestão da saúde pública no Brasil exige profissionais de alta performance
Estar à frente da gestão do SUS demanda ter domínio de conhecimentos que vão desde recursos humanos e produtividade até tecnologia e inovação
A gestão da saúde pública brasileira é desafiadora. Garantido no artigo 196 da Constituição Federal, o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das maiores estruturas de atendimento governamental em saúde do mundo, com mais de 190 milhões de usuários. Desses, 80% dependem, exclusivamente, do suporte do Estado.
Os princípios que regem o SUS, no entanto, garantem que todos os cidadãos possam utilizar esse serviço. Desse modo, seguindo a integralidade, a equidade e a universalidade, pode-se dizer que 100% dos brasileiros utilizam, utilizaram ou utilizarão os atendimentos do sistema, que engloba uma multiplicidade de políticas públicas.
A magnitude do SUS – envolvendo suas regulamentações, processos, diversidade de cenários geográficos e populacionais, complexidade de estruturas organizacionais e de instituições conectadas – evidencia a necessidade de gestores de alta liderança cada vez mais qualificados. “Eles precisam ser capazes de gerir o sistema de maneira eficiente, orientado ao bem comum da sociedade”, enfatiza a Coordenadora Acadêmica do MBA Executivo da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, Monica Sabino Hasner.
Para ela, é preciso também saber articular os recursos humanos e tecnológicos do SUS com a inovação, a qualidade e a produtividade para o alcance dos objetivos assistenciais, econômicos e sociais. Nesse cenário, o gestor já experiente tem um papel de destaque, pois deve atuar em um processo contínuo de exercício de liderança e múltiplas responsabilidades, a depender da realidade da esfera governamental.
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Carreira dos gestores do sistema público de saúde
Mas antes de chegar à alta liderança, o profissional que está no início da sua carreira atuando em gestão pública do setor de saúde ou aquele que deseja ingressar nessa área, precisa investir em especializações. Para compreender um universo tão complexo é necessário adquirir conhecimento aprofundado e construir uma bagagem sólida sobre como geri-lo da maneira mais eficiente. “É fundamental compreender o funcionamento das redes públicas municipal, estadual e federal. Entender o fluxo de trabalho e integrar seus serviços, primordialmente”, resume o Coordenador dos Programas de Gestão do Ensino Einstein, André Britto.
Nesse nível de profissionalização, o foco deve ser em estratégias de negócio, liderança e gestão de pessoas e de saúde, além de transformação digital. Para André, o ensino nessa área deve conter um programa bem delineado de atividades práticas, com imersão no universo real do sistema de saúde público e privado, sempre contando com os melhores docentes que trazem profundos conhecimentos em técnicas, processos e protocolos de qualidade.
Uma carreira de grande valor
O profissional que está no início de carreira tem a chance de se preparar tanto em relação à capacitação, por meio de um ensino de qualidade, quanto na experiência do dia a dia. Será dele a responsabilidade de auxiliar a alta liderança e propor novas soluções para os diversos problemas enfrentados pelo sistema público de saúde. Entre eles:
- Falta de receitas para o setor, alto custo de aquisição e manutenção de equipamentos e medicamentos;
- Aumento da expectativa de vida do brasileiro e crescimento populacional acima da média;
- Remuneração dos profissionais na área assistencial inferior à da rede privada, afastando especialistas de excelência;
- Pouco investimento em medidas que possam melhorar a produtividade, aumentar a motivação e estabelecer metas qualitativas e quantitativas em conjunto com diversos times de profissionais.
E os profissionais que já alcançaram a posição de alta liderança precisam atuar de maneira visionária, de forma a propor e gerir mudanças capazes de influenciar políticas públicas que atendam os interesses coletivos de maneira legítima. “É essencial que a gestão experiente cause um impacto positivo e de saúde sustentável à sociedade, além de desempenhar o seu papel de transformar o setor em modelo eficiente para toda a população”, diz Monica.
Bem capacitados, os bons profissionais nos três níveis de atuação podem utilizar suas habilidades e motivações para engajar pessoas e equipes em ambientes de alta complexidade, dando ênfase aos aspectos de humanização e saúde mental. Os especialistas Monica Sabino e André Britto também enfatizam a necessidade de planejar soluções efetivas e sustentáveis para a complexidade do cenário público em saúde, pautadas nas melhores ferramentas, práticas e evidências científicas disponíveis.