Pesquisa sobre plasma convalescente tem fomento financeiro da Fundação Itaú Unibanco
Segundo o Diretor de Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Dr. Luiz Vicente Rizzo, o apoio vai proporcionar importantes avanços para a cura da COVID-19.
O estudo “Uso de Plasma Convalescente no Tratamento de Doentes com COVID-19” continua em andamento no Brasil. O Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em colaboração com o Hospital Sírio-Libanês, finalizou a primeira fase da pesquisa, iniciada no dia 11 de abril, com o apoio do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, somando resultados bastante positivos.
Na primeira etapa, realizada com 60 pacientes dos dois hospitais, foi possível constatar que o método é totalmente seguro. Agora, a investigação passa para a segunda fase, pesquisando outros 60 internados pré-intubados em um estudo aberto, já que se comprovou que a aplicação do plasma foi efetiva, oferecendo mais chances de resultados positivos durante o tratamento.
Essa ampliação da amostragem significa evidenciar o valor científico do estudo, comprovando a eficácia do tratamento. Porém, ela somente está sendo possível porque conta com o incentivo financeiro da iniciativa “Todos pela Saúde” da Fundação Itaú Unibanco. “Todo o processo demanda grande investimento monetário e ficamos muito satisfeitos com esse estímulo”, afirma o Diretor de Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Dr. Luiz Vicente Rizzo.
O fomento foi firmado no último dia 06 de julho. “Felizmente essa instituição reconhece a importância do estudo e, com esse apoio, poderemos avançar os resultados em busca dessa alternativa como forma de cura para a doença em determinadas pessoas contaminadas”.
O plasma sanguíneo é composto por cerca de 90% de água, sendo o restante constituído por substâncias dissolvidas, como proteínas, fatores de coagulação, sais, lipídios, hormônios e vitaminas.
Dessa forma, o estudo propôs a coleta do plasma de pessoas já curadas da COVID-19. Ou seja, com anticorpos para combater o novo coronavírus (Sars-Cov 2) e aplicação terapêutica em pacientes internados diagnosticados com a enfermidade, a fim de transferir passivamente a imunidade contra o vírus.
Assim, a pesquisa como um todo vai averiguar a eficácia do método da terapia de plasma convalescente – também chamada de imunoterapia passiva -, tendo o seu protocolo autorizado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), no início do mês de abril.
Isso propiciou que pacientes acima de 18 anos, com insuficiência respiratória – intubados ou não intubados e compatíveis com o tipo sanguíneo do doador – continuem recebendo essa terapia dentro do Einstein, com as devidas autorizações de familiares.
Conforme o Gerente Médico de Hemoterapia e Terapia Celular do HIAE, Dr. José Mauro Kutner, “o plasma de quem se recuperou tem diferentes anticorpos, porém o que está sendo avaliado é o chamado neutralizante, aquele que inativa o vírus, ao invés de apenas defender o organismo”.
Para o Dr. Kutner, a justificativa para essa aplicação é por se tratar de uma opção terapêutica com perspectiva de bons resultados e sem efeitos colaterais significativos, além de contar com a disponibilidade de doadores, produção tecnologicamente acessível e o fato de o novo coronavírus não ter se mostrado até o momento que possa ser transmitido por via sanguínea.
Parceria com hospitais-escolas
A pesquisa sobre o plasma sanguíneo segue em duas frentes. Além do estudo financiado pela Fundação Itaú Unibanco, o Einstein também está participando de um outro estudo, financiado pelos Ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Esta pesquisa é liderada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), contando com a parceria de outros hospitais além do Einstein, como o próprio Hospital Sírio-Libanês e hospitais-escolas do estado de São Paulo, como os Hospitais das Clínicas de São Paulo, de Ribeirão Preto, da Universidade de Campinas (Unicamp) e unidades da Universidade Estadual Paulista (Unesp), entre outras instituições. O objetivo desse trabalho cientificamente mais sofisticado é descobrir em quais casos a infusão de plasma é indicada e como a substância funciona em determinados organismos.
Assim, essa pesquisa pode contribuir com mais progresso para a cura da COVID-19. “Se conseguirmos responder perguntas sobre o funcionamento do plasma no paciente, poderemos colaborar com elementos para os estudos sobre a vacina e o uso de anticorpos monoclonais (moléculas idênticas produzidas em série)”, conta o Dr. Rizzo.