Prêmio Nobel de Medicina reforça a importância da imunoterapia contra o câncer
Tratamento que usa o sistema imune contra o tumor também é objeto de pesquisa no Einstein, além de ser abordado em cursos de atualização profissional.
Os imunologistas James P. Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão, receberam da Academia Sueca nessa segunda-feira (1/10) o Prêmio Nobel de Medicina 2018 por suas descobertas no tratamento oncológico. Eles descobriram mecanismos de regulação da resposta imune que permitiram a criação das mais efetivas imunoterapias contra o câncer atualmente em uso.
Embora a ideia de estimular o sistema imunológico a enfrentar o tumor – princípio da imunoterapia – não seja nova, as descobertas de Allison e Honjo representam “uma grande revolução porque eles identificaram um conjunto de moléculas que fazem desligar a resposta imune”, explica Dr. Luiz Vicente Rizzo, imunologista e diretor superintendente de Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
Quando o organismo detecta a presença de ameaças, como vírus e bactérias, ele estimula uma resposta imunológica de larga escala para enfrentar o problema. No entanto, como várias proteínas estão envolvidas nesse processo, algumas delas servem como freio dessa resposta e acabam minimizando a capacidade de o organismo enfrentar outros desafios. No caso do câncer, ao retirar esse freio, a resposta imune se torna mais efetiva.
Allison, que é pesquisador no MD Anderson Cancer Center, descobriu que a proteína CTL4 funciona como um freio sobre os linfócitos T. Já Honjo, da Universidade de Kyoto, descobriu outra proteína nas células do sistema imunológico que também impede que elas enfrentem o câncer, a PD1.
Essas descobertas deram origem a medicamentos aprovados em 2014 e cujos melhores resultados clínicos ocorrem quando são combinados, principalmente para casos mais avançados de melanoma e câncer renal.
Importância da imunoterapia
Segundo o comitê organizador do Prêmio Nobel, o uso da imunoterapia representa um quarto pilar no tratamento contra o câncer, diferente de tudo que havia até então, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
Além de oferecer esses e outros medicamentos imunoterápicos já disponíveis contra o câncer, o Einstein está desenvolvendo projetos de pesquisa nessa área, informa Dr. Rizzo. “Estamos envolvidos em estudos sobre imunoterapia, e temos também nos dedicado ao estudo do uso de células do sistema imune no combate ao câncer, além da imunoterapia com anticorpos pela qual foram agraciados os doutores Allison e Honjo”, diz.
A imunoterapia celular, também conhecida como ativa, utiliza substâncias estimulantes e restauradoras da função imunológica e as vacinas de células tumorais com a finalidade de intensificar a resistência ao crescimento da doença. Já a imunoterapia passiva ou adotiva utiliza anticorpos antitumorais ou células mononucleares para combater a doença.
A imunoterapia também tem sido abordada em cursos oferecidos pelo Ensino Einstein. Na atualização profissional sobre as Bases da Genômica do Câncer e Oncologia de Precisão, voltada a oncologistas, residentes de oncologia, patologistas, farmacêuticos, biólogos e biomédicos , a imunoterapia é um dos temas a serem explorados. “Em um horizonte de pelo menos dez anos, a imunoterapia deve crescer bastante no tratamento contra o câncer. Por isso, os profissionais da saúde que atendem pacientes oncológicos devem estar bem preparados para lidar com esse tipo de terapia”, comenta Dr. Rizzo.