Projeto de alunos da Medicina Einstein é aprovado em programa da ONU

Com a finalidade de desenvolver lideranças acadêmicas focadas no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), bem como ampliar e sustentar melhores práticas na área da saúde, o Programa Millenium Fellowship da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou em 06 de agosto deste ano um projeto de dez alunos da Graduação em Medicina do Ensino Einstein.

Foram mais de 25.500 candidatos de 153 países, sendo 2.200 propostas selecionadas para o Programa. O projeto enviado pelos alunos tem o nome de Colors of Care e trata de equidade e diversidade do cuidado em saúde. “Visamos treinar profissionais da saúde a falar e compreender o preconceito racial de modo a promover comportamentos antirracistas para melhor atender os pacientes afrodescendentes e colaborar com uma sociedade mais igualitária”, explica uma das coordenadoras do projeto e aluna do sexto ano de Medicina, Mariana da Cruz Torquato.

Colors of Care

Outra ação que também é colocada em prática pelo grupo de dez alunos consiste no trabalho para a expansão da grade curricular. Nesse sentido, as propostas já encaminhadas anteriormente por alunos da Graduação em Medicina estão sendo reforçadas pelo projeto Colors of Care.

​Essas sugestões são voltadas à promoção de conversas com os coordenadores e docentes sobre a importância de incluir fotos nos materiais didáticos de pessoas de peles preta e parda, assim como ampliar o estudo da dermatologia para elas, entre outras temáticas em análise.

Além disso, faz parte da agenda realizar mais pesquisas sobre o tema, escrever todo o projeto, criar a sua identidade visual e aplicá-lo de maneira integrada e colaborativa aos profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS) das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), administradas pelo Einstein, incluindo Médicos, Enfermeiros, Dentistas, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde, entre outros.

Mariana explica que os alunos que decidirem participar desse trabalho terão neste momento três importantes desafios. O primeiro é estudar a discriminação racial com mais profundidade e ouvir sistematicamente profissionais e pacientes, com o objetivo de entender como o racismo está estruturado na APS e nos espaços ocupados por eles. “Vamos utilizar esses relatos como forma de compreensão dessa realidade e de sensibilização para o problema, visando mudar as condutas insatisfatórias de maneira integrada”.

O segundo consiste em elaborar materiais e treinamentos focados nos profissionais e estudantes da área da saúde. E desse modo, prepará-los para a tomada de consciência sobre o racismo sistêmico e a importância de seu enfrentamento, reexaminando os fundamentos dos sistemas sociais e a maneira pela qual o racismo foi construído e continua sendo propagado.

Por fim, o trabalho progressivo para a eliminação ou controle das desigualdades que estão embutidas na estrutura social e nas diversas organizações. “Temos de evoluir em direção a criar resultados equitativos para todos. Não podemos mais conviver com um sistema de saúde que deixa de fora segmentos significativos da população”, ressalta a futura Médica.

Atualmente por meio virtual, ela recebe mentoria das equipes da ONU e do Millennium Fellowship Network (MCN), juntamente com sua co-coordenadora, Catarina Vallada, aluna do quarto ano da Graduação em Medicina.

Juntas elas disseminam os conhecimentos e estratégias aos outros oito alunos que fazem parte do Colors of Care, por meio de treinamentos também no formato online. “Estamos realizando em média duas reuniões por semana, as quais têm sido bastante produtivas. Acredito que em breve teremos o projeto bem solidificado, para então atuarmos em campo”, esclarece Mariana.

Segundo ela, a visão futura é a de que o projeto seja referência em qualidade e melhoria do atendimento em saúde para as pessoas de peles preta e parda. “Vamos expandir todo o material a ser produzido para todo o país e até para outras partes do mundo, a começar por um bom planejamento de comunicação, envolvendo plataformas online e redes sociais”.

De acordo com a Dra. Dannielle Fernandes Godoi, Médica especializada em Administração em Saúde e docente das disciplinas de Gestão e Liderança do Ensino Einstein, existe um consenso em várias instituições nacionais e internacionais de que para haver um sistema de saúde de qualidade e com equidade é essencial atender a todas as dimensões e diversidades humanas, oferecendo cuidados específicos centrados nas necessidades de cada paciente.

A docente, que apoia os estudantes nesse projeto que faz parte do Capítulo Einstein do Open School, concorda com essa visão e trabalha para que todos os alunos sejam conscientizados sobre a necessidade de uma saúde mais igualitária. “Nós só vamos melhorar os serviços do setor quando ofertarmos um cuidado equânime às diferentes populações, incluindo também os povos indígenas, pessoas LGBTQIA+ e as mulheres e homens em situações de rua e de vulnerabilidade”.

Capítulo Albert Einstein do Institute for Healthcare Improvement Open School

O Institute for Healthcare Improvement (IHI) tem por objetivo expandir e sustentar os melhores resultados no ecossistema da saúde. Juntamente com seus parceiros (instituições e pessoas), ele leva a consciência sobre segurança e qualidade para pacientes e profissionais do setor de todo o mundo.

Entre outras iniciativas, o IHI mantém o Programa Open School, uma plataforma de Ensino a Distância voltada à disseminação de conceitos e aprendizado sobre a melhoria sistemática das práticas e atendimento nos diferenciados sistemas de saúde. No momento os módulos gratuitos de Qualidade, Segurança do paciente e Liderança estão traduzidos para a língua portuguesa.

Para envolver estudantes da área da saúde nessa missão, o Programa criou o Capítulo Open School, que visa apoiar os alunos de diferentes instituições de ensino espalhadas pelo planeta a criar projetos que auxiliam suas regiões e comunidades a investirem na evolução do setor.

Há pouco mais de um ano a Dra. Dannielle, juntamente com o docente doutor em Gestão e Estratégia, David Kallás, recebeu o convite para integrar como Faculty Advisor o Capítulo Einstein do Open School.

Esse Capítulo é conduzido por um grupo de cerca de 30 alunos das Graduações em Medicina e Enfermagem do Einstein – incluindo os dez que conquistaram a aprovação do projeto Colors of Care -, os quais, segundo a docente, estão fortemente engajados nos projetos respaldados pela Instituição. “Essa ação vai além do ensino, uma vez que os alunos apresentam mudanças práticas e transformam os serviços que estão prestando. Eles estão demonstrando enorme potencial de liderança, a fim de promoverem transformações de impacto no sistema de saúde”.

Inclusive os estudantes que fazem parte do Capítulo estão colocando em prática todas as propostas da expansão da Grade Curricular da Graduação em Medicina Einstein.

Há também alunos do internato inseridos no Capítulo contribuindo com sugestões de melhorias a partir de conceitos aprendidos, mesmo que os processos já estejam estruturados. “A ideia é a de que eles potencializem não somente o que estão estudando na Graduação, mas evoluam como pessoas e profissionais diferenciados”.

Conforme a Dra. Dannielle, o foco dos processos de ensino-aprendizagem do Capítulo é mudar o perfil do futuro profissional do setor. “É fundamental que o recém-formado já se perceba não somente como alguém apenas interessado em sua prática clínica, e sim como parte do sistema de saúde, ou seja, entenda que as suas ações e decisões impactam em toda a cadeia de valor em saúde.

​Essa concepção tem sido trabalhada também junto a profissionais com carreiras desenhadas. Porém, a introdução desses fundamentos no ensino confirma-se como um fator primordial para que os novos profissionais sejam mais qualificados. Assim, poderão agir como multiplicadores das mudanças necessárias ao alcance de serviços mais sustentáveis e igualitários.

​Evento com o IHI

De 01 a 05 de novembro, o Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) realizam a 6ª edição do Fórum Latino Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, com tema central “Em busca do novo normal”. O evento será totalmente online e gratuito. Para mais informações e inscrição, acesse aqui.