Carreiras

Dois pós-graduados e um destino: empreender para cuidar da dor

​Ex-alunos da especialização em Dor exploram os conhecimentos acadêmicos nas clínicas que criaram especializadas no atendimento de pacientes com dores crônicas.

O médico Gabriel Longuini, residente em Porto Velho (RO), e a dentista Miriam Tomaz, que mora em Brasília (DF), são dois ex-alunos da Pós-Graduação em Dor do Einstein cujas trajetórias ilustram um movimento interessante: profissionais de saúde com formações diversas que decidem fazer dos conhecimentos adquiridos no curso a chave para empreender, abrindo suas próprias clínicas especializadas.

A Dra. Miriam é sócia-fundadora do Instituto da Dor (Indor), clínica que reúne em um único espaço uma equipe multiprofissional para traçar planos individualizados para tratamento dos pacientes. O Dr. Gabriel, médico especializado em Ultrassonografia, é diretor clínico do Pain Center – Centro de Diagnóstico da Dor, única unidade de Rondônia preparada para atender pacientes que chegam com as mais diversas queixas – de enxaqueca a dores lombares.

“Sempre achei a dor um tema instigante, apesar de ser uma área pouco estudada na época da minha formação. Quando comecei minha carreira na ultrassonografia em 2012, tive certeza da centralidade do tema: 90% das queixas dos pacientes estavam relacionadas à dor. Logo entendi que não poderia ficar restrito ao diagnóstico da dor e busquei uma formação para poder tratá-la”, conta o Dr. Gabriel. Sua aposta foi certeira: 84% das pessoas atendidas pela clínica, a maioria de Rondônia e do Acre, apresentam melhora da dor, de acordo com pesquisa aplicada pelo Pain Center para acompanhar os pacientes tratados.

“Sem serviços especializados, as pessoas têm dificuldade para contar com uma estratégia de tratamento integrada. Muitos pacientes acabam migrando de uma especialidade para outra, obtendo apenas soluções parciais para seus problemas”, afirma a Dra. Miriam. Com mestrado em Odontologia, mestrado profissionalizante em Laser aplicado a tratamento de dores craniofaciais relacionadas a disfunções temporomandibulares e uma especialização anterior em Dor, ela decidiu fazer o curso do Einstein porque estava interessada em aprofundar conhecimentos e conhecer outra escola e abordagem. “Fiquei muito satisfeita. Tanto é que oriento todos os profissionais da Indor a fazer o curso. Isso é importante para todos falarmos a mesma língua”, explica.

Cursos estratégicos

Ainda recentes no Brasil, cursos de pós-graduação em Dor se tornaram estratégicos em um país onde cerca de 30% da população sofre com dores crônicas e onde faltam profissionais e centros especializados capazes de atender de forma interdisciplinar. A dor é um fenômeno complexo, e as abordagens terapêuticas precisam contemplar os aspectos físicos, psicológicos, emocionais e sociais de maneira integrada.

Suprindo carências da formação básica na área da saúde, agregando valor à prática clínica e fornecendo subsídios para projetos empresariais, a formação de especialistas nessa área configura-se como uma resposta à questão da dor, que pode ser considerada um problema de saúde pública. “Não tratada, a dor impacta severamente a qualidade de vida das pessoas, causando prejuízos inclusive laborais e de produtividade. Muitos pacientes hoje em idade produtiva são considerados inaptos por conta da dor”, observa Marcia Morete, uma das coordenadoras da Pós-Graduação em Dor do Einstein.

Força-tarefa contra a dor

Médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos e educadores físicos são alguns dos profissionais geralmente envolvidos nas abordagens multidisciplinares. “Cada um deles precisa entender seu papel no tratamento da dor. Esse é o primeiro passo para que possa montar uma rede de apoio de acordo com a sua realidade, visando sempre oferecer ao paciente o que há de melhor”, detalha a Dra. Marcia, lembrando que nenhuma área de conhecimento sozinha pode atender às demandas de um paciente com dor. “Muitos médicos saem da faculdade sem saber o que um fisioterapeuta ou um psicólogo faz, e isso é um problema grave para lidar com a dor, que exige uma ação interdisciplinar coordenada”, acrescenta o Dr. Gabriel.

Multiplicando informações

Além da atividade em suas clínicas, os dois ex-alunos da pós-graduação do Einstein atuam como multiplicadores de conhecimentos. Uma vez por mês, por exemplo, o Instituto da Dor abre suas portas ao público de Brasília interessado nos temas que integram a agenda de educação em saúde para a população promovida pela instituição. O assunto de cada encontro é tratado por especialistas da casa ou por convidados. “Na plateia, é frequente a presença de estudantes de faculdades de Medicina, que se mostram cada vez mais interessados em abordagens multidisciplinares”, diz a Dra. Miriam.

Já o Dr. Gabriel atua desde 2014 como professor convidado da pós-graduação do Einstein, ensinando outros profissionais a empreender e estruturar serviços especializados no tratamento da dor, organizados em torno do que há de mais moderno do ponto de vista técnico e científico. De aluno a professor do Einstein, ministrando aulas para turmas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o Dr. Gabriel sente-se orgulhoso por participar daquilo que considera um positivo movimento da assistência brasileira: a multiplicação de centros especializados em dor fora dos grandes eixos metropolitanos do país.

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