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Inserção do aluno no ecossistema da saúde revoluciona o ensino de Engenharia Biomédica

​Esses profissionais transitarão muito bem entre os setores da saúde e da tecnologia, propondo soluções inovadoras e impactantes para os desafios da medicina.

A medicina tem evoluído muito por conta do progresso tecnológico. Porém, ainda enfrenta complexos desafios na área da saúde, os quais podem ter maior resolutividade com a ajuda de um profissional com expertise tanto em ciências biomédicas quanto em tecnologia.

De acordo com o Professor e Pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Dr. Welbert de Oliveira Pereira, “o país carece de um Engenheiro Biomédico que entenda com profundidade o ecossistema da saúde, para melhor analisar e resolver os seus problemas”.

Essa interface que envolve ciência, recursos tecnológicos, profissionais e pacientes precisa ser eficiente e assertiva. “Esse novo Engenheiro Biomédico tem de olhar para o problema, destrinchá-lo com raciocínio lógico, matemático e de engenharia, para achar soluções favoráveis a toda a cadeia que abrange o sistema de saúde”, completa o Pesquisador do HIAE, Dr. Ricardo Weinlich.

Na opinião do Dr. Welbert, esse é um enorme desafio para um setor que demanda cada vez mais recursos e tecnologia. Considerando a integração constante das diversas áreas do conhecimento, muitas vezes os problemas tornam-se mais específicos e complexos. “Acreditamos que o Engenheiro Biomédico bem formado possa colaborar facilmente com esse cenário, trazendo resoluções adequadas”.

Outro aspecto importante é o fato de a área da saúde nos últimos anos estar também caminhando para dois processos que aparentemente parecem antagônicos, mas quando enxergados de perto são complementares. “A medicina tem se movido para personalizar o atendimento priorizando as características do paciente, de sua enfermidade e de seu estado único, sem tirar o foco na saúde populacional, em que é necessário abarcar o maior número de pessoas, de forma coordenada”, diz ele.

Esse olhar para cada paciente como um indivíduo, personalizando o seu tratamento deve ser expandido por meio de uma política para todos, que seja eficiente e passível de replicação, uma vez que os protocolos são criados com base na maior semelhança de casos, doenças e desfechos. Dentro desse panorama, a Engenharia Biomédica é uma área capaz de expandir padrões de condutas, alcançando grande parte da população.

Engenharia Biomédica pode contribuir para mais avanço     

A Engenharia Biomédica é baseada na união das ciências exatas e ciências da saúde, com vistas a desenvolver soluções inovadoras aplicadas na prevenção, diagnóstico e terapias. Essa área está em grande expansão e certamente vai colaborar ainda mais com a criação de instrumentos médicos, equipamentos de diagnóstico e recursos tecnológicos abrangentes.

Os Engenheiros Biomédicos são essencialmente empreendedores e inovadores, sendo capazes de ocupar posições-chave no desenvolvimento de tecnologias e de produtos voltados ao mercado dentro de hospitais, clínicas, grandes indústrias e startups. Também são capacitados a trabalharem em laboratórios, dedicando-se à pesquisa científica ou atuarem em posições administrativas e de gestão em toda a cadeia produtiva do setor da saúde.

Multidisciplinar, essa área une conhecimentos de matemática, química, física, biologia, medicina, gestão e humanidades, além de ferramentas e técnicas das engenharias dos materiais, eletrônica, mecatrônica e computação. Todas essas áreas ainda podem ser associadas a Inteligência Artificial e Big Data, amplificando ainda mais os resultados impactantes produzidos a partir da compreensão e atuação para superar os desafios da saúde.

Sendo assim, é esperado que o Engenheiro Biomédico desenvolva técnicas e tecnologias de diagnóstico preciso, ferramentas e componentes para tratamentos eficazes e instrumentos computacionais que permitam o monitoramento e coleta de dados tanto do indivíduo quanto da população. “Esse conjunto contribui sobremaneira também para uma gestão eficiente da saúde em seus aspectos financeiros, epidemiológicos, do cuidado individualizado, de medidas preventivas e de qualidade e segurança”, explica o Dr. Ricardo.

Para isso, de acordo com ele, é muito importante que esse profissional conheça todo o setor e não somente as engenharias. “Os profissionais da saúde aplicam muito bem as tecnologias. O que falta é uma figura que desenvolva muito bem resoluções biológicas e tecnológicas ao mesmo tempo, colaborando para um maior progresso da ciência, da medicina e da sociedade”.

O Engenheiro Biomédico precisa fazer parte da equipe multiprofissional e médica, integrando seus conhecimentos para contribuir com a superação dos desafios da área da saúde, em sua maioria de alta complexidade e multifatoriais. “Logo, ele deverá propor soluções igualmente complexas, reunindo variados elementos”, justifica o Dr. Welbert.

Ele acredita ser essencial que a formação desse Engenheiro seja realizada dentro do ecossistema da área da saúde. “Dessa forma, ele deve ser construído fazendo parte e vivenciando esses obstáculos”. Para isso, o aluno dessa formação precisa ter, além das aulas teóricas em sala, também atividades práticas em Unidades Básicas de Saúde, clínicas para idosos, hospitais públicos e particulares de baixa, média e alta complexidades e setores de inovação, gestão e assistência, entre outros.

Desse modo, ele estará formado para compor e observar o sistema de saúde, identificando e analisando os entraves e as adversidades com o uso de ferramentas matemáticas e computacionais aplicadas à biologia para chegar a respostas factíveis, viáveis, eficazes e sustentáveis. “Esse estudante necessita estar imerso nos reais obstáculos do sistema de saúde desde o primeiro dia de seu curso de Graduação”, diz o Dr. Welbert.

Somente assim esse aluno vai conseguir aprender o conteúdo e entender sua importância de imediato no contexto atual, pois estará vivendo a realidade de cada setor da saúde todos os dias. “Sem dúvida, essa é a melhor maneira de formar esse profissional tão valioso e tão escasso no mercado”, finaliza o Dr. Ricardo.

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