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Médica dedica-se a ensinar e disseminar conhecimentos sobre a Radiologia Pediátrica

Ainda pouco difundida no Brasil, a Radiologia Pediátrica vem crescendo a cada dia, com o aprofundamento de técnicas e pesquisas nessa área

Aos sete anos, a Dra. Yoshino Tamaki Sameshima, cujo nome de batismo é Ruth, como é mais conhecida, já pensava em ser médica. Assim seguiu até ingressar na Graduação em Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Foi no sexto ano que trocou a vontade de ser Pediatra pelo desejo de seguir carreira numa especialidade até então pouco conhecida (porém muito valiosa), a Radiologia Pediátrica, com ênfase no cuidado ao recém-nascido e às crianças.

Filha de imigrantes japoneses que chegaram ao Brasil logo após a Segunda Guerra Mundial, com o intuito de reconstruir suas vidas, ela vestiu-se de determinação para realizar o desejo de cursar Medicina em uma universidade pública.

E conseguiu. A Dra. Yoshino conta que as adversidades que sofreu na infância foram o combustível para que ela superasse o bullying e prosseguisse na missão de ajudar o próximo. Hoje, dedica seus estudos e atividades profissionais à qualidade e segurança na atenção ao neonato e às crianças, uma grande paixão, assim como ao ensino da Radiologia Pediátrica aos residentes e pós-graduandos do Centro de Ensino em Imagem Einstein.

“Minha mentora, Dra. Regina Lúcia Elia Gomes, sugeriu que eu fizesse a residência em Radiologia Pediátrica ao invés de Pediatria. Ela foi a grande responsável pela realização do meu sonho, conciliando a paixão pela Pediatria com a possibilidade de fazer diagnósticos e intervir positivamente no cuidado às crianças”.

É nessa especialidade que ela atua no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), desde 2006. No final do ano passado assumiu o novo cargo de Coordenadora da Radiologia Pediátrica no Departamento de Diagnóstico por Imagem.

“Estou muito realizada e agradecida, pois aos poucos essa especialidade vem sendo reconhecida no meio radiológico. Criança não é um adulto pequeno…”, diz a Médica.

Experiência internacional em nome da Radiologia Pediátrica

Após a conclusão da residência em Radiologia (níveis R1 a R4), em 1992 ela foi aprovada para um fellowship em Radiologia Pediátrica na Universidade da Califórnia, em São Francisco, Estados Unidos.

“Minha filha tinha um ano e meio. Foi difícil conciliar todas as demandas da família e dos estudos, mas foi um período bastante rico e produtivo. Conheci excelentes profissionais da área, pude aprender muito e ter uma especialização em nível de alta performance”.

Na volta a São Paulo, na metade de 1994, a Médica passou a trabalhar em uma das poucas clínicas radiológicas que existiam no Brasil, já que não havia campo para a Radiologia Pediátrica.

“Ainda hoje luto por essa especialidade que continua pouco difundida aqui no Brasil, sendo apenas reconhecida em hospitais infantis”.

Necessidades da Radiologia Pediátrica

O Radiologista Pediátrico é especializado em atender crianças desde a fase neonatal. “As patologias e demandas peculiares do universo infantil precisam de um especialista”, ressalta a Coordenadora.

“É fundamental fazer um exame certeiro, buscando um diagnóstico precoce de modo a proporcionar cuidados e intervenções rápidas e adequadas”. O Radiologista Pediátrico deve interagir com a criança, que não compreende facilmente a dinâmica do atendimento. “A sala de exames de imagem é um ambiente novo para ela e, às vezes, pode gerar medo e ansiedade”.

Por isso, entre as qualidades do Radiologista Pediátrico ela criou o termo “ser PhD”, que significa ter muita paciência, humildade e disciplina. “Além de uma boa formação técnica, é essencial possuir essas e outras habilidades socioemocionais. Ao atender uma criança, temos inclusive de confortar seu cuidador, dependendo das circunstâncias”, explica a Dra. Yoshino.

Formação em Radiologia Pediátrica

Pensando sempre no avanço de sua área, Dra. Ruth e a Gerência do Ensino em Imagem já estão planejando estruturar uma Pós-graduação em Radiologia Pediátrica no Einstein, para os próximos dois anos.

“É importante oferecer essa oportunidade aos nossos formandos e profissionais em geral interessados em contribuir com a saúde de nossas crianças. Muitos especialistas dessa área optam por trabalhar fora do Brasil, em lugares que propiciam melhores condições para construir uma carreira”.

Atualmente no Brasil já existem bons profissionais na especialidade. A Coordenadora elogia duas Médicas Radiologistas Pediátricas de sua equipe, as Dras. Fabiana Gual e Márcia Matsuoka.

A Dra. Fabiana foi treinada pela Dra. Yoshino e hoje trabalha em sua equipe. “Os residentes, níveis R2 e R4, passam pelo estágio de Radiologia Pediátrica. E é nesse momento que procuramos despertar o interesse deles pela especialidade”, comenta a especialista.

Radiologia Pediátrica, uma especialidade gratificante

A Médica constantemente incentiva as atividades com os pacientes infantis que, segundo ela, precisam muito de bons profissionais da saúde.

“O carinho que recebemos das crianças e de seus cuidadores é muito gratificante! Amo o que faço e espero que muitos profissionais possam se sentir atraídos por essa especialidade”.

A Dra. Yoshino é uma referência no setor tanto dentro como fora do Hospital Israelita Albert Einstein. Em 2023 ela foi convidada para fazer parte do Grupo de Trabalho voltado ao ensino da Radiologia Pediátrica da Sociedad Latinoamericana de Radiología Pediátrica (SLARP).

Ela também coordena a Radiologia Pediátrica da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), além de participar de atividades educacionais e eventos do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). “O objetivo do nosso trabalho na entidade é melhorar o atendimento às crianças, treinando profissionais dessa especialidade para a realização de diagnósticos precisos, disseminando boas práticas e investindo em melhorias, como por exemplo: medidas para reduzir a utilização de radiação ionizante na faixa pediátrica”.

Em novembro de 2023, foi convidada para moderar uma sessão envolvendo a Radiologia Pediátrica do maior evento internacional da área: o Congresso da Radiological Society of North America (RSNA). “Foi uma grande honra representar o HIAE e os profissionais brasileiros dessa especialidade, pela qual continuarei lutando”, finaliza.

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