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Primeiro colocado no 1º Vestibular da Medicina Einstein, ex-designer fala sobre a conclusão do curso e expectativas

Gabriel Herculano deixou a carreira de seis anos como Designer Gráfico e agora, aos 34, celebra a sua formação em Medicina pelo Einstein

Gabriel Herculano Lopes é um exemplo de que o passar do tempo não impede a mudança de profissão. Logo que concluiu o Ensino Médio, ele passou no vestibular e iniciou a Graduação em Design Gráfico. Depois de seis anos trabalhando nessa área, foi o primeiro colocado no processo seletivo para a primeira turma da Graduação em Medicina do Einstein, em 2016.

Agora, no final de 2021, ele e mais 45 alunos entram para a história do Ensino Einstein como a primeira turma formada em Medicina pela Instituição. Conforme Gabriel, que estudou com bolsa de estudo integral durante toda a Graduação, foram anos de muito empenho e superação de barreiras. “Eu tive de aprender outras formas de estudar, devido às especificidades dessa nova área do conhecimento e ao grande volume de conteúdo. Mas tudo valeu a pena. Estou muito feliz”.

Somada a essas experiências, a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus trouxe uma significativa alteração na grade curricular de Gabriel, que teve de se adaptar a todas as mudanças ocorridas nos estágios em áreas anteriormente programadas. “O contexto da COVID-19 foi marcado pela imprevisibilidade, mas, mesmo assim tivemos todo o ensinamento necessário para lidar com as adversidades”.

Ele refere-se principalmente ao conteúdo programático do internato, nível em que o aluno consolida o seu aprendizado com mais prática, passando por cinco grandes áreas nos últimos dois anos e meio do curso. São elas: Cirurgia, Clínica, Pediatria, Saúde da Mulher e Atenção Básica à Saúde. A cada semestre eles passam por esses setores, vivendo profundamente tais especialidades, nos ambientes da saúde pública e privada.

O internato permite ao aluno, também, avaliar a sua aptidão e desejo por atuar em alguma dessas áreas no futuro.  “A minha primeira experiência em Pediatria foi no Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch – M’Boi Mirim, em uma enfermaria com casos de baixa complexidade”. No semestre seguinte foi a vez do Pronto-Socorro de Pediatria. “Vivemos cada especialidade em diferenciados contextos”.

Dessa forma, os alunos presenciam diversas situações que um paciente pode apresentar. Desde o primeiro semestre de 2020, o internato do Einstein foi contextualizado pela presença da COVID-19, um momento sem precedente tanto para a primeira turma de Medicina quanto para os mais experientes profissionais.

Gabriel conta que participar desse momento de incerteza e medo foi arrebatador. Mas, aos poucos, a situação foi sendo controlada e a segurança, sobreposta ao temor. “Com uma boa supervisão e respeitando as nossas limitações de alunos, conseguimos colaborar bastante para a obtenção dos melhores desfechos dos pacientes com a doença em estado grave e moderado”.

Essa sem dúvida é a lição que ficará na memória dos 46 alunos que contaram com um amadurecimento da atuação em Medicina em um cenário muito diferente do costumeiro. “Ajudamos, inclusive, na comunicação envolvendo os familiares, lidando com a transmissão de más notícias. Isso trouxe um grande aprendizado sobre relacionamento”.

Ele também destaca a boa qualidade do internato e de seus professores. “Já tínhamos excelentes docentes no ciclo básico da formação e esse padrão de qualidade se manteve no internato, o que me deixou muito satisfeito”. Conforme o Médico recém-formado, o cuidado difere das outras faculdades das quais tem notícia. “Tenho colegas que contam suas experiências e, claro, sempre fazemos uma comparação”.

Para Gabriel, que hoje tem 34 anos, a troca de profissão foi a melhor escolha de sua vida e estudar no Einstein permitiu viver os melhores anos na posição de aluno. “Tanto a teoria quanto a prática me fizeram crescer em todos os sentidos, principalmente no meu autoconhecimento. Saio com uma formação impagável: humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar de forma básica nos diferentes níveis de atenção à saúde”.

Essa turma também teve muitas oportunidades de exercitar as habilidades de promover a liderança e a segurança da equipe e dos pacientes. “Nós cumprimos o nosso papel de liderar pelo exemplo sempre seguindo os protocolos, normas e regras ensinadas pelos professores e pela literatura, incentivando as condutas corretas em todos os setores pelos quais passamos”.

Próxima etapa: a residência

Antes mesmo de ter o diploma em mãos, Gabriel dedicou-se a fazer as inscrições e as provas para o ingresso na residência. “Eu prestei para Clínica Médica em cinco instituições de ensino em saúde e ficaria muito feliz se fosse aprovado para me especializar no Einstein”.

A residência é uma formação muito importante, pois trata-se de um período em que o Médico aperfeiçoa os seus conhecimentos e práticas, além de assumir o seu primeiro emprego, exercendo a profissão. “Escolhi a Clínica Médica porque quero estar bem próximo dos meus pacientes para saber quem são de verdade”.

Ele inclusive quer trabalhar para estabelecer uma ótima comunicação com seus futuros pacientes a ponto de influenciá-los a promoverem a própria saúde, mudando de hábitos, participando de seus tratamentos e comprometendo-se com o seu bem-estar. Como ele não gosta de se sentir acomodado, já está pensando no que fará após a residência. “Depois dessa etapa quero ingressar na especialização em Cardiologia”.

 O legado da primeira turma

Fazer parte dessa turma trouxe para Gabriel muitas vivências colaborativas, apesar de já ser formado em outro curso superior. “Criamos muitas ações que ficaram de legado aos outros estudantes”.

Colação de Grau da 1ª turma da Medicina Einstein foi realizada no dia 09/12, em São Paulo

 

Entre as iniciativas da primeira turma, Gabriel gosta de citar a Atlética e o Centro Acadêmico Anna Turan (CAAT), que homenageia Anna Turan Machado Falcão (1862-1940), primeira Médica Paraense, pioneira ao enfatizar a dura jornada de uma mulher nessa profissão. A criação do Diretório Científico, da Iniciação Científica e dos Cursos Extracurriculares, pelo Einstein, também contou com o auxílio desse grupo de alunos.

Antes de começar a Graduação, Gabriel considerava o estudo científico um aspecto distante de sua realidade. Porém, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), ele realizou uma investigação básica testando células de leucemia, a fim de torná-las mais suscetíveis à quimioterapia. “Foi muito engrandecedor passar por esse processo de fazer ciência”. Em conjunto com o seu orientador e colegas do grupo de pesquisa, publicou um artigo na revista digital Frontiers in Cell and Developmental Biology. Todas as as ilustrações foram produzidas por ele, demostrando que a multidisciplinaridade tem um grande valor pessoal e profissional.

Gabriel, que participou da Colação de Grau no dia 09 de dezembro de 2021, com seus colegas de turma, também reforça a importância da bolsa de estudos para essa virada de carreira: “Dentro da minha realidade não seria possível fazer uma Graduação em Medicina sem esse benefício. E, agora, posso dizer: sou Médico!”

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